Tarifas de importação propostas pelos Estados Unidos aumentam a volatilidade no mercado de café, afetando os preços dos futuros do arábica e do robusta. De acordo com a Hedgepoint Global Markets, a incerteza sobre a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pressiona o mercado e gera impacto direto nos custos e no fluxo comercial.
Até quarta-feira (16), os contratos futuros do arábica e do robusta registraram alta, impulsionados pelo temor de custos adicionais nas exportações. No entanto, o robusta perdeu parte do suporte ao longo da semana, com o avanço da colheita e o aumento da oferta da variedade.
Negociações e exportações influenciam os preços
Apesar do ambiente instável, negociações comerciais entre o Brasil e os EUA seguem em andamento. Autoridades brasileiras reforçaram que não há intenção de interromper o fornecimento, e o café ocupa posição central nas conversas sobre isenção tarifária.
Enquanto isso, as exportações brasileiras seguem afetadas pelo ritmo lento de comercialização. Muitos agricultores preferiram adiar as vendas diante da queda de preços, o que comprometeu o volume de embarques. Em junho, o Brasil exportou 1,8 milhão de sacas de arábica, uma redução de 26,9% em relação ao mesmo período de 2024. Já o robusta somou 476,3 mil sacas, volume ainda 42,2% abaixo do ano anterior, mesmo superando a média de cinco anos.
Consumo nos EUA se mantém elevado
Nos Estados Unidos, o consumo de café segue forte. Pesquisa da Associação Nacional de Café (NCA) apontou que 66% dos adultos americanos consumiam café diariamente em janeiro de 2025, com média de três xícaras por dia. Mesmo com a inflação e os preços mais altos, o mercado manteve penetração estável nos últimos quatro anos.
No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor já subiu em junho, com o início do repasse das tarifas. Com a taxação sobre os produtos brasileiros, os custos devem ser transferidos aos consumidores, o que pode pressionar ainda mais os preços finais.
Safra avançada, mas vendas seguem lentas
Com 77% da safra brasileira de café já colhida, a colheita avança em ritmo acelerado. Apesar disso, a comercialização continua abaixo da média. Em junho, as vendas de arábica ficaram em 29% e as de robusta, em 35%, ambas inferiores à média histórica de 38%.
A menor liquidez do mercado e a pressão da oferta resultaram em vendas reduzidas. Esse comportamento contribui para a instabilidade nos preços e aumenta a expectativa em torno das decisões comerciais dos Estados Unidos.
A volatilidade no mercado de café deve persistir enquanto durar a incerteza sobre as tarifas de importação. Mesmo com boa oferta interna, o cenário global segue indefinido e pode influenciar as decisões dos produtores nas próximas semanas.