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Em evento da Abitrigo, especialistas afirmam que o Brasil deve manter ritmo de importação de trigo

Segundo os analsitas de mercado, marcado por inúmeros desafios, o ano de 2024 já pode ser considerado um ano desafiador para o mercado de trigo global

Redação RuralNews
Publicado em 28/08/2024 | 00:03:28

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) realizou na tarde de 27 de agosto um webinar sobre os inúmeros desafios do setor de trigo no Brasil, como os aumentos nos preços do cereal e possíveis quebras de safras em decorrência das mudanças climáticas.

Marcado por inúmeros desafios, o ano de 2024 já pode ser considerado um ano desafiador para o mercado de trigo global. O evento foi uma maneira de entender os gargalos e as possibilidade desse cenário atual.

Com o tema “Cenário do mercado de trigo no Brasil e no Mundo”, o encontro on-line, mediado pelo diretor de Suprimentos da Viterra Milling (Correcta e Moinho’s Cruzeiro do Sul), Maurício Ghiraldelli, contou com apresentações do analista de Mercado da Safras & Mercado, Elcio Bento, e do diretor da PRTK Consultoria, Douglas Araujo.

Para Ghiraldelli, o evento foi realizado em um momento crucial do grão. “É neste período que ocorrem às colheitas no Hemisfério Norte, com uma concentração de 85% da produção mundial, e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil”, ressaltou o diretor.

Segundo ele, foi muito importante expor aos participantes informações que possam gerar conteúdos de valor para as tomadas de decisões estratégicas nos principais elos da cadeia produtiva do trigo.

O mercado verde e amarelo

Ao analisar o mercado brasileiro, Elcio Bento destacou três fatores para a precificação do trigo: produção nacional – o que inclui escassez (paridade de importação) e excesso (paridade de exportação), preços internacionais e câmbio.

“Os preços internacionais e o câmbio são responsáveis por determinar em quais patamares estarão as paridades de importação e exportação nacionais. Se há escassez, é necessário importar e se há excesso, exportar”, explicou.

Para 2024/25, o profissional estima que o país deverá manter o ritmo de importações e, consequentemente, segurar as exportações.

“No ano passado exportamos mais, mesmo com uma safra semelhante, mas era um trigo não utilizado no mercado interno. Se o grão deste ano tiver qualidade, teremos que segurá-lo no Brasil”, afirmou.

Em comparação aos preços internacionais, na região do Paraná, com recorte para o interior do estado, há uma inferioridade de 2% em relação a Kansas, nos Estados Unidos.

“Essa porcentagem nos mostra que estamos na margem de erro e conseguimos identificar uma tentativa – depois de um período de preços mais elevados – de acomodar, precificar e voltar para a ideia de preços de safra nova”, detalhou.

O mercado global

No quadro de oferta e demanda global, como ponderou o diretor da PRTK Consultoria, Douglas Araujo, há um pequeno salto entre os números do ano anterior e do atual.

“No entanto, são números ainda abaixo do consumo, o que leva a estoques menores, uma vez que estamos em um período que findamos 77% da colheita 2024/25”, ressaltou.

Ainda de acordo com Douglas, os países mais desenvolvidos, como Estado Unidos, Suíça e Reino Unido, estão caminhando para um ciclo de redução de juros e as economias em desenvolvimento, como Brasil, Índia e China, viverão algo intermediário.

“Essa mudança, ao observamos a Bolsa de Valores, faz com que os fundos já estejam vendidos e, consequentemente, se mostra uma força muito relevante na formação dos preços no mercado físico, já que, ao somarmos todas as Bolsas de Valores do mundo, elas contabilizam um volume astronômico. O peso da economia, dos juros e da inflação refletem nas decisões de agentes globais”, comentou.

A Argentina, por outro lado, está rapidamente corrigindo a situação inflacionária do ano anterior.

“É um caso muito interessante, neste cenário, o País tem se recuperado a passos muito largos e isso virá a refletir no ambiente econômico e na nova safra, pois os produtores dessa região vão poder corrigir a distorção que existe com o juros real, modificando até mesmo o panorama global”, finalizou.



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