Segundo o Radar Agro, relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, o mercado global de cacau enfrenta alta volatilidade, com preços recordes e estoques reduzidos.
A safra 2023/24 teve queda de 13% na produção mundial, totalizando 4,368 milhões de toneladas. Os principais produtores, Costa do Marfim e Gana, registraram retrações de 25% e 31%, respectivamente.
Oferta em queda e consumo resiliente
A menor produção resultou do envelhecimento das lavouras, doenças como o vírus do mosaico do cacau (CSSV) e eventos climáticos severos, ligados ao El Niño.
Apesar do aumento nos preços, o consumo global mostrou certa resistência até o início de 2024. No entanto, os custos elevados levaram indústrias a reduzir o uso do cacau em suas formulações. A moagem mundial deve cair 3% em 2024/25, segundo a ICCO (Organização Internacional do Cacau).
Preços atingem recordes históricos
Os preços internacionais alcançaram níveis inéditos. Em Nova York, houve valorização de 173% em 2024. Em Ilhéus (BA), a alta foi de 132% no mesmo período. A oferta limitada e os estoques globais nos níveis mais baixos desde 1977 impulsionaram essa valorização.
Embora os preços tenham recuado ligeiramente no primeiro semestre de 2025, as projeções indicam que as cotações permanecerão altas até 2027. O mercado global de cacau acompanha com atenção as safras de Costa do Marfim e Gana, que mostram sinais de melhora, mas ainda abaixo dos níveis históricos.
Perspectivas para a safra 2024/25
A produção mundial pode crescer 11% em 2024/25, chegando a 4,841 milhões de toneladas, conforme projeções da ICCO. Costa do Marfim e Gana devem apresentar recuperação parcial, com alta de 10,5% e 33,6%, respectivamente.
Contudo, os desafios estruturais permanecem. Envelhecimento das lavouras, baixa renda dos produtores, problemas logísticos e políticas governamentais dificultam uma recuperação rápida.
Balanço apertado entre oferta e demanda
Mesmo com o ajuste no consumo, a oferta continua limitada. A relação estoque/uso global permanece abaixo da média da última década, mantendo os preços elevados. Para 2025/26, a expectativa é de leve superávit, mas sem impacto relevante nos preços no curto prazo.