O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta semana que subiu para 284 o número de mortes de equinos após o consumo de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal. Além disso, o Ministério anunciou a revogação da decisão judicial que autorizava, ainda que de forma parcial, a retomada da produção e comercialização de rações não destinadas a equídeos.
Com a revogação, a suspensão cautelar determinada anteriormente volta a valer integralmente. Assim, a Nutratta continua proibida de fabricar rações para todas as espécies animais. Essa medida permanece em vigor até que a empresa comprove, junto ao Mapa, que corrigiu todas as irregularidades identificadas durante a fiscalização — o que ainda não ocorreu.
Contaminação por substância tóxica
De acordo com as investigações conduzidas pelo Ministério, a contaminação das rações aconteceu devido a falhas no controle de qualidade das matérias-primas. Técnicos identificaram a presença de resíduos de plantas do gênero Crotalaria, conhecidas por conter alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina — uma substância extremamente tóxica para animais.
Esses compostos, além de proibidos na formulação de rações, são hepatotóxicos. Eles provocam alterações no DNA celular e causam danos ao fígado, com intensidade que varia conforme a dose, o tempo de exposição e a saúde do animal. A presença dessas substâncias indica o uso indevido de ingredientes proibidos ou, então, a contaminação de insumos autorizados.
Por isso, o Mapa segue aguardando os resultados de análises em outros lotes de ração e também nas matérias-primas utilizadas. Os desdobramentos da investigação dependem diretamente desses exames. O Ministério reforça seu compromisso com a transparência e segue atento a novas denúncias.
Linha do tempo da crise
Em 26 de maio, o canal Fala.BR recebeu uma denúncia sobre mortes de equinos no estado de São Paulo. Quatro dias depois, fiscais do Mapa estiveram em uma propriedade de Elias Fausto (SP) e encontraram indícios de contaminação na ração oferecida aos cavalos.
Entre 2 e 4 de junho, o Ministério inspecionou a fábrica da Nutratta e constatou falhas nos processos de produção e controle de qualidade. Após esse período, novas denúncias surgiram. Em todas as propriedades investigadas, os cavalos doentes ou mortos haviam consumido rações da empresa. Por outro lado, os animais que não ingeriram o produto permaneceram saudáveis, mesmo quando compartilhavam os mesmos espaços.
Diante disso, o Mapa emitiu um alerta determinando a suspensão imediata do consumo das rações produzidas pela Nutratta. Em 25 de junho, análises laboratoriais confirmaram a presença de monocrotalina nos produtos da empresa.
Desde então, o Ministério instaurou um processo administrativo, segue com as investigações e continua recolhendo os lotes contaminados. A suspensão das atividades permanece em vigor até que a segurança dos produtos seja comprovada.
