O poder da co-inteligência no agro: transformando o futuro com Inteligência Artificial

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*Luciana Miranda

Tenho acompanhado de perto as transformações digitais que estão revolucionando diversos setores, e um dos que mais me fascina é o agronegócio. O setor agro, tradicionalmente associado a práticas seculares, está passando por uma verdadeira metamorfose, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) e pela co-inteligência, uma colaboração sinérgica entre humanos e IA.

A necessidade de transformação no agro é evidente. Com a escassez de mão-de-obra, perturbações na cadeia de abastecimento e mudanças climáticas, o setor precisa de soluções inovadoras para continuar a crescer e prosperar. É aqui que a IA entra em cena, trazendo avanços significativos em eficiência e produtividade.

Agricultura Inteligente e sustentável

Um dos aspectos mais promissores da IA no agro é a precisão. Utilizando sensores, drones e análises preditivas, os agricultores podem monitorar e gerenciar suas culturas com uma precisão sem precedentes. Por exemplo, sensores no solo e em plantas coletam dados em tempo real, que são analisados por algoritmos de IA para fornecer insights sobre a saúde das culturas, necessidades de irrigação e possíveis pragas. Essa abordagem não apenas aumenta a produtividade, mas também promove a sustentabilidade, reduzindo o uso de recursos naturais e químicos.

Além disso, a demanda por produtos biológicos está crescendo. Segundo um relatório do PitchBook, o mercado global de produtos biológicos agrícolas deve crescer de US$ 14,6 bilhões em 2023 para US$ 27,9 bilhões até 2028, refletindo um crescimento anual composto (CAGR) de 13,8%. Essa mudança visando práticas mais sustentáveis e amigas do ambiente é fundamental para manter a saúde do solo e a produtividade das culturas, substituindo os produtos químicos tradicionais.

Co-inteligência: a chave para o futuro

A integração da IA nos processos agrícolas não é apenas uma questão de tecnologia, mas de co-inteligência. Ethan Mollick, em seu livro “Co-Intelligence: Living and Working With AI”, destaca como a colaboração entre humanos e IA pode gerar resultados superiores.

Ele propõe quatro regras fundamentais para uma colaboração eficaz:

  • Sempre convide a IA para a mesa: Compreender os pontos fortes e fracos da IA permite que os usuários apliquem essa tecnologia de maneira eficaz.
  • Seja o humano no circuito: Mantenha os humanos no centro das decisões, delegando tarefas rotineiras à IA.
  • Trate a IA como uma pessoa, mas defina sua função: Interaja com a IA como se fosse um colega de trabalho, dando instruções e feedback claros.
  • Assuma que esta é a pior IA que você já usou: Esteja preparado para contínuos avanços e atualizações na tecnologia.

Essas diretrizes são particularmente relevantes para o setor, onde a combinação de conhecimentos humanos e capacidades de IA pode transformar práticas agrícolas, tornando-as mais eficientes e sustentáveis.

Desafios e oportunidades

Apesar das oportunidades, há desafios a serem superados. A resistência à mudança e a falta de habilidades especializadas são barreiras comuns. No entanto, a adoção de programas de reskilling, como apontado pela pesquisa da Harvard Business School, pode ajudar a preparar a força de trabalho para o futuro digital. Empresas que investem em reskilling têm maior probabilidade de sucesso na transformação digital.

No Brasil, o cenário é promissor. Com 977 agtechs ativas, o país lidera a inovação tecnológica no agronegócio da América Latina. Essas startups estão focadas em soluções B2B, utilizando IA, Analytics, Big Data, Sensorização e Blockchain para oferecer tecnologias avançadas aos produtores.

Em 2023, as agtechs brasileiras captaram R$ 916 milhões em investimentos, destacando o crescimento contínuo do setor, mesmo em um cenário global de retração de investimentos. O segmento que mais atraiu investimentos foi o de serviços financeiros (26%), seguido pela agricultura de baixo carbono (22%), máquinas e equipamentos para produção (19%) e transformação de resíduos (13%).

A jornada da IA na agricultura está apenas começando, mas já podemos ver impactos profundos. À medida que continuamos a explorar e implementar essas tecnologias, podemos esperar um setor agro mais eficiente, produtivo e sustentável.

Para os líderes do setor agroindustrial brasileiro, o momento representa uma oportunidade única de posicionar-se na vanguarda da inovação global, aproveitando ao máximo as ferramentas que a transformação digital oferece.

Acredito que a co-inteligência é a chave para desbloquear todo o potencial da IA no agro. Ao trabalhar juntos, humanos e IA podem transformar a agricultura, garantindo um futuro mais sustentável e próspero para todos.

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