O preço do leite ao produtor continuou em queda em julho. Segundo o boletim mensal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o valor médio nacional pago pelo litro de leite captado em maio foi de R$ 2,6431. Isso representa um recuo de 3,9% em relação a abril e de 7,4% na comparação com maio do ano passado, considerando valores reais (deflacionados pelo IPCA).
Embora essa baixa seja atípica para o período, ela era esperada por agentes do setor. Isso porque o aumento da captação, aliado à demanda fraca por derivados, tem pressionado as cotações.
Além disso, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) subiu 1,13% em maio na “média Brasil”, desempenho que superou a média dos anos anteriores. Esse crescimento está relacionado aos investimentos feitos no segundo semestre de 2024, quando os produtores conseguiram margens mais atrativas.
Apesar da leve alta no custo operacional efetivo (COE) em junho — com avanço de 0,55% — os gastos com nutrição animal recuaram 0,37%, o que favoreceu a produção.
Derivados lácteos oscilam conforme o produto
No mês de junho, os preços dos derivados lácteos tiveram comportamentos distintos. Por exemplo, o leite em pó caiu 2,2% e foi cotado, em média, a R$ 30,93/kg no atacado paulista. Por outro lado, a muçarela subiu 2,01%, atingindo R$ 34,49/kg, enquanto o leite UHT manteve-se praticamente estável (+0,04%), cotado a R$ 4,35/litro.
Segundo o Cepea, a queda do leite em pó ocorre devido ao aumento dos estoques. Em contrapartida, a valorização da muçarela decorre do maior consumo no início do mês. Já o UHT foi beneficiado pelo controle de estoques nas distribuidoras.
Durante a primeira quinzena de julho, o UHT teve alta de 0,76%, enquanto a muçarela recuou 0,29%, o que indica a continuidade da instabilidade no setor.
Exportações e importações desaceleram em junho
No mercado internacional, as transações desaceleraram em junho. As exportações caíram 30,3% em relação a maio, totalizando 5,15 milhões de litros em equivalente leite. O leite em pó, principal produto exportado, registrou queda de 52,8% nas vendas, sobretudo devido à redução das compras de Cuba e Bahamas.
As importações também diminuíram 1,47%, com destaque para as quedas expressivas nas compras de soro de leite (–29,8%) e manteiga (–10,8%). A exceção foi o leite em pó, cuja aquisição aumentou 2,9%, somando 121 milhões de litros.
Mesmo com essas variações, o preço do leite ao produtor permanece um indicador chave para acompanhar a saúde do setor, pois impacta diretamente na rentabilidade dos produtores.
Por fim, o déficit da balança comercial recuou 8,3% em relação a maio, fechando junho com saldo negativo de 155,3 milhões de litros e US$ 72,3 milhões.