As tarifas americanas prejudicam exportações do agronegócio brasileiro ao elevar os custos e reduzir a competitividade dos produtos nacionais. Segundo o Radar Agro, relatório produzido pela Consultoria Agro do Itaú BBA, a medida afeta diretamente setores estratégicos como café, carne bovina, celulose e suco de laranja.
Café brasileiro perde espaço no principal mercado consumidor
O café é um dos produtos mais impactados pelas novas tarifas. O Brasil responde por 42% da produção mundial de café arábica, e os Estados Unidos são o maior consumidor global. Atualmente, a tarifa de importação é de 10%, mas, com a mudança, pode chegar a 60%.
Portanto, as tarifas americanas prejudicam exportações do agronegócio brasileiro ao reduzir a competitividade do café nacional. Além disso, substituir o Brasil nesse mercado não seria simples, o que pode gerar inflação para o consumidor americano e queda no volume exportado pelo país.
Carne bovina sofre com taxa combinada de até 76,4%
Outro setor fortemente afetado é o de carne bovina. Mesmo com escassez de oferta nos EUA, o produto brasileiro passaria a enfrentar uma tarifa de até 76,4%, considerando o adicional de 50% somado aos 26,4% já aplicados fora da cota anual.
Como resultado, as tarifas americanas prejudicam exportações do agronegócio brasileiro ao praticamente inviabilizar os embarques, que cresceram 132% no primeiro semestre de 2025. Países como Austrália e Argentina podem assumir parte do mercado deixado pelo Brasil.
Suco de laranja se torna menos competitivo
Atualmente, os Estados Unidos importam mais de 90% do suco de laranja que consomem. O Brasil é o principal fornecedor, com mais de 60% da receita obtida nesse comércio. No entanto, a nova tarifa pode elevar o custo de importação em quase USD 2.600 por tonelada.
Dessa forma, as tarifas americanas prejudicam exportações do agronegócio brasileiro, mesmo em um mercado altamente dependente da produção nacional. O México, por estar isento da taxa, tende a ganhar competitividade frente ao Brasil.
Produtos florestais e sebo bovino também estão em risco
Além dos alimentos, produtos como celulose e sebo bovino também estão sob ameaça. Em 2024, a celulose brasileira gerou USD 1,7 bilhão em exportações para os EUA, que são o principal destino do produto. Entretanto, concorrentes como o Canadá podem se beneficiar da redução da atratividade brasileira.
Da mesma maneira, o sebo bovino, com 98% das exportações destinadas ao mercado americano, pode sofrer forte retração. Assim, as tarifas americanas prejudicam exportações do agronegócio brasileiro em diversas frentes, ampliando os impactos negativos sobre o comércio exterior do país.
Alta do dólar impulsiona grãos mas encarece insumos
Por outro lado, a desvalorização do real após o anúncio das tarifas pode favorecer as exportações de grãos como soja e milho. Isso porque os produtos brasileiros ficam mais baratos em dólares, o que pode estimular novos embarques.
Contudo, essa mesma movimentação cambial encarece os insumos agrícolas importados, como fertilizantes e defensivos, que já enfrentam preços elevados. Nesse contexto, as tarifas americanas prejudicam exportações do agronegócio brasileiro tanto pela via direta, com tarifas, quanto pela indireta, ao pressionar os custos de produção.