A nova taxa de juros do FCO encareceu o acesso ao crédito rural na região Centro-Oeste. A mudança, que passou a valer em 14 de julho, foi determinada pela Resolução nº 5.235 do Conselho Monetário Nacional (CMN), publicada em 11 de julho de 2025.
De acordo com os dados oficiais, as taxas para investimentos subiram, em média, 24,09%. Já para operações de custeio, o avanço foi de 23,09%. Com isso, os produtores de menor porte passaram a enfrentar maiores dificuldades no acesso ao crédito.
Pequenos produtores enfrentam maiores aumentos
Para o pequeno produtor, a taxa de investimento subiu de 8,14% para 10,40% ao ano, sem o bônus de adimplência. Isso representa um aumento real de 2,26 pontos percentuais ou 27,76% em termos relativos.
Enquanto isso, a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses, medida pelo IPCA/IBGE, foi de apenas 5,35%. Ou seja, o reajuste da taxa de juros do FCO foi quase cinco vezes superior à inflação, o que torna o cenário ainda mais preocupante.
No caso dos médios produtores, os juros subiram de 9,69% para 11,87%. Isso representa um aumento de 2,18 pontos percentuais e 22,50% em termos relativos. Por outro lado, os grandes produtores também foram afetados, com as taxas subindo de 11,20% para 13,37%, o que equivale a uma alta de 19,38%.
Taxas para custeio também sobem com força
Além das taxas para investimento, o crédito para custeio também ficou mais caro. As taxas para pequenos produtores passaram de 8,61% para 11,00%, enquanto os grandes produtores enfrentam agora juros de 14,14%, frente aos 12,00% praticados anteriormente.
Com isso, o financiamento de atividades básicas, como a compra de insumos ou o preparo da lavoura, também ficou mais oneroso para o produtor rural.
Linhas sustentáveis ficam menos atrativas
Os maiores reajustes, no entanto, ocorreram nas linhas voltadas à sustentabilidade. Programas como FCO Verde, FCO Irrigação e FCO Armazenagem tiveram as taxas elevadas de 6,30% para 8,60%, sem o bônus de adimplência. Isso representa um aumento real de 2,30 pontos percentuais e crescimento de 36,51% em termos relativos.
Dessa forma, a medida pode acabar desestimulando investimentos importantes em práticas conservacionistas, inovação tecnológica e modernização da infraestrutura no campo.
Crédito mais caro agrava cenário no campo
De maneira geral, os pequenos produtores foram os mais prejudicados pela nova taxa de juros do FCO. Além de sofrerem com os maiores percentuais de reajuste, eles já enfrentam dificuldades estruturais no acesso a financiamento rural.
O momento é delicado. O setor agropecuário atravessa uma grave crise de endividamento, provocada por sucessivas perdas de safra, variações climáticas, custos crescentes e preços em queda. Por isso, muitos especialistas defendem que o ideal seria manter os juros estáveis, pelo menos até que o cenário melhore.
Além disso, manter o crédito acessível ajudaria a estimular a produção agropecuária, conter a inflação e até reduzir os preços dos alimentos para o consumidor final. Contudo, com os juros em alta, o crédito se torna mais restrito, dificultando novos investimentos e aprofundando os desafios no campo.